Nossos objetos de estudo
Se tivesse que resumir em poucas palavras o que temos feito no grupo, eu diria que falamos de textos. De textos que, de alguma maneira, remetem à ciência, e particularmente à física, dada a formação, pelo menos atual, dos membros do grupo. Textos teatrais, literatura, prosa e poesia, ficção científica, textos audiovisuais (cinema, documentários, vídeos jornalísticos, canais do youtube), textos escritos por cientistas ou não, textos imagéticos, textos filosóficos, textos matemáticos, textos que em geral denominamos de divulgação científica.
Buscamos não deixar de ver nos textos alguma forma de experiência do conhecimento. Mas buscamos também mostrar que não nos interessa apenas a lua, mas o dedo, lembrando aquele velho provérbio chinês em que se diz que o tolo vê o dedo e o sábio vê a lua… Para nós, seguindo esta metáfora, seria impossível ver a lua se não fosse o dedo apontado para ela… Interessa-nos o gesto completo e não apenas o objeto de que resulta o gesto. Ao mostrarmos os textos, ao darmos visibilidade à sua existência, muitas vezes obliterada, pretendemos deslocar o leitor. Possibilitar novos modos de leitura e posicionamentos diante da ciência. Nosso interlocutor é, portanto, fundamentalmente o mediador de leituras, ou seja, professores e formadores de professores. Não pretendemos falar da ciência na sociedade, mas mostrá-la na sociedade. Mostrá-la entremeada, retomada, distorcida, reproduzida em produções culturais as mais diversas que trabalhem com signos. Se deixamos de lado outras práticas que não as que remetem aos signos (textos), é apenas por falta de tempo; para possibilitar aprofundamentos mínimos, tal as dificuldades e desafios dessa empreitada, posto que os saberes sobre os textos encontram-se em outras áreas, as mais diversas, com as quais temos que dialogar para dar visibilidade àquela forma específica de texto escolhida para a análise.
Trabalhamos análises de textos não porque não consideramos os sujeitos, os agentes. Ao contrário, trabalhamos os textos porque eles, entre outros aspectos, nos constituem como agentes, como sujeitos; os textos nos posicionam; os textos nos constroem.